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10.07.2011

Entrevista de Emprego



 
Uma moça de vinte anos chega em uma agência de emprego para buscar uma vaga na área de designe gráfico.
            - Oi, tem uma entrevista marcada para duas e meia?
            - Sim, é de Miriam Alfredo Marques.
            - É que sou eu. Estou um pouquinho atrasada.
            - Pouco, não! Muito. São três e dez. Acompanhe-me.

As duas andaram até a sala da entrevista, e a secretária abriu a porta com uma cara de deboche da entrevistada, que chegou quarenta minutos atrasada.
            - Sr. Túlio.
            - Sim, secretária.
            - A moça das duas e meia chegou, e muito atrasada.
            - Mande entrar.
Ela entrou. Meio tímida, mas entrou.
            - Boa Tarde, senhorita Miriam Alfredo.
            - Boa Tarde, e mil perdões pelo atraso.
            - Ok, nós só temos vinte minutos, vamos nos apressar. Bem, eu li no seu currículo que você já trabalhou no caixa de uma sorveteria. Correto?
            - Sim, eu trabalhei, mas só durou quatro dias, e eu só ganhei vinte reais. É que era muita gente, eu me estressei, errei trocos e mandei todo mundo tomar naquele lugar.
            - Que palavreado! Respeito, moça!
            - Não, não foi palavrão. Mandei eles tomarem sorvete na outra sorveteria perto.
            - Oh!
A menina riu e pensou: “depois sou eu que não tenho respeito!”.
            - É, continuando, vi que você tem notas ruins em tudo. Vejo aqui notas entre 1 e 7, e somente notas boas em Arte. Por quê?
            - É que eu desenhava um coraçãozinho lá, florzinha lá, sol e nuvem, picolé e tal. Aí era só pintar. Trouxa aquele professor, né?
O homem ficou de boca aberta, analisando a falta de vergonha da menina que falava debochando do professor de artes.
            - É, vamos falar agora de capacitação. Você tem alguma experiência em design gráfico?
            - Sabe, para falar a verdade, eu não tenho. É que eu quero ganhar dinheiro para ir ao shopping todo mês. Mais se nisso há alguma coisa com desenho, eu tenho sim, eu fazia um desenhinho lá e cá nas aulas de artes e o trouxa do professor dava visto.
            - Você é muito consumista?
            - Não, eu só gosto de comprar coisas, só isso. Mas olha, se for para ter emprego, eu faço de tudo. Falando nisso, era isso que eu dizia para o trouxa do meu professor de artes quando faltava meio ponto para eu tirar um seis.
            - Desculpe-me, seu tempo acabou - Disse o empresário, irritado.
            - Como assim, faltam ainda dez minutos.
            - Não estou nem aí. Para mim, essa entrevista já era!
            - E o meu emprego? Disse a moça, sínica.
            - Você tem notas ruins, não sabe dar troco, é sínica, burra e exibida, e ainda chama o professor de artes de trouxa?
            - E o que é que tem? Ele é um trouxa mesmo!
            - Esse professor ERA EU!
            A menina, paralisada, saiu da sala, com vergonha, correndo para sua casa. A secretária chega, dizendo:
            - Chefe, você não era professor de artes.
            - Eu sei. Mas essa era uma oportunidade de testá-la. Agora eu vi, ela é tão burra, que acreditou na minha mentira e saiu correndo.
            A secretária se retirou, e o analista, sentou-se na poltrona e gritou:
            - PRÓXIMO.

Por Pedro Felipe

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