Era sábado,
escola fechada. Digo semifechada, deixaram-no entrar. Ele entrou, com sua roupa
de escritório, pois havia saído do seu árduo trabalho. Andou pelos corredores,
e começou a falar sozinho. Tecnicamente,
ele não estava só. Uma supervisora estava tomando conta da escola, pois não
tinha amigos, não tinha parentes por perto, por isso havia de passar o tempo
fazendo várias coisas. Ela estava em um dos bancos do pátio, ouvindo música com
o seu minúsculo player.
O homem pensava em voz alta:
- Esse
corredor... Gastei muita sola de sapato correndo nesse corredor. Usava-o tanto
para brincar de pega-aranha¹ e fugia quando as meninas me convidavam para a quadrilha.
Ele sorriu.
Respirou. Respirou de novo e foi ao bebedor.
- Quantas lorotas
eu já ouvi dos mal-educados que estudavam aqui, dizendo que um caramujo tinha
passado na torneira. Todos caíam na deles, e todo mundo ficava com a boca seca.
Ele sorriu de novo. Percebeu
que pouca coisa foi conservada ali. Ainda havia a velha quadra aberta, as
árvores ao lado do refeitório e o corredor estavam intactos.
Ele sempre achou ser um aluno
especial, um aluno que faria toda a diferença quando saísse. Isso porque ele
fez várias amizades com os professores e outros funcionários. Quando ele passava
no pátio e entrava nas salas, ele achava isso uma mágica. Sentia uma coisa intensa
dentro dele, como se ele gostasse mais dali do que sua casa. Olhava a escola
com outros olhos.
A supervisora interrompeu
aquele doce passeio. Ela deveria ir embora e trocar de turno com outro
inspetor, este que não permiti visitas internas.
E.E.E.F.M. Prof.º Paulo Freire
02 de Agosto de 2012 – Pedro
Felipe Soares Silva - 1º B
[1] Brincadeira que consistia em um ser o pega, e
ao tocar os amigos, ambos deveriam tocar outros, como se fosse uma ação em
cadeia.
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