Pedroka's Bakery - A Minha Padaria de Crônicas e Textos!: Telegrama Chegando

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8.18.2011

Telegrama Chegando

 
         - FOOOOM – o barulhinho típico das quinzenas. Toda quinzena, conta de água, luz e telefone. Pelo menos não vem conta de gás, aqui nesta região a gente compra butijão separado mesmo.


        - Vai lá, guria! – dizia minha mãe. E eu ria, ela falava de um jeito engraçado.
         - Moça, aqui mora... Her... Hum... Maria Joaquina Bezerra?
         - Sim. É a minha mãe.
         - OK, basta assinar aqui.
         - Eu não sei escrever – na verdade eu sabia, mas gostava dos garranchos que ele fazia.
         - Tudo bem, qual é seu nome?
         - Mariana Jandira Bezerra – nessa hora eu quase ria, só não ria para não estragar a brincadeira.
         - Toma aqui. Conta, conta, conta, e um telegrama.
         - Tele o que? – Dessa vez eu não brinquei, nem sabia o que era na verdade.
         - Telegrama, uma carta com texto curto. É para sua mãe. Até mais.
         - Tchau, moço. Até mais ver – dizia eu, cantando a musiquinha da Madeline.
         - MÃÃÃÃE! Telegrama, telegrama, é um telegrama, me deixa ver, abre! – eu havia ficado fogosa com esse tal telegrama.
         - Me deixa ler. Nossa. Não. Ó, Santo dos Santos, não... Não.
A minha mãe começou a chorar. Caiu de joelhos no chão e me abraçou. Eu não entendi nada naquela hora. Mas depois eu descobri, e de um jeito muito triste. Meu pai tinha morrido em um acidente na fábrica de chinelos. Só descobri quando eu o vi deitado em um caixão sem se mexer em uma capela. Aquele telegrama foi o primeiro, único e pior que eu recebi na minha vida.

2 comentários:

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