Enquanto todos os humanos levavam a sua
vida de forma normal, sendo justa ou não, as pequenas criaturas que existem por
aqui estavam iradas, principalmente as formigas. As coitadas não tinham paz –
eram pisadas, massacradas, envenenadas, cortadas e torturadas – e sempre quando
estavam levando seus grãos para seus buracos eram pegas de surpresa por alguém
que as assassinava.
- Já levaram meus pais, meus tios e
primos, só sobrou meu irmão, que... Que... Ué? Cadê o meu irmão? Perguntou
Dora, uma jovem formiga escura aos seus companheiros da AFRHTP – Assembleia das
Formigas Revoltadas com os Humanos que Torturaram seus Parentes. Pena dela, que
acabara de perder seu irmãozinho que tinha apenas dez horas de vida. Ela pôs-se
a chorar e se retirou da assembleia. Seu primeiro passo fora da AFRHTP foi
trágico: pisada por um menino de 8 anos que estava correndo na calçada.
As outras formigas ficaram perplexas
com a situação e tomaram uma atitude:
-
Vamos ficar aqui pra sempre, porque se não iremos morrer! Disse uma delas,
provocando o maior fuzuê no lugar.
Todas elas começaram a gritar sem parar, desesperadas. Umas batiam suas cabeças
na parede da assembleia, outras tentavam se atirar de um lugar alto. Quem pensa
que os sentinelas fizeram alguma coisa se enganaram, eles também estavam loucos.
A Rainha gritou:
-
Chega! Chega de ficarem aí gritando feito malucos, isto nada resolve e está
perturbando as larvas! Todos os membros da AFRHTP ficaram em silêncio e
mobilizados. A Rainha pôs ordem:
-
Tudo isto não passe de um golpe de azar sobre o nosso formigueiro! Devemos sair
daqui e nos mudarmos para um local onde podemos viver em paz, sem mortes!
Correr para os lados e bater a cabeça nas paredes de nada irá resolver!
A
Rainha, irritada, convocou os corajosos para que saíssem do formigueiro e
fossem procurar um local melhor. Como ninguém se prontificou, ela mesmo
escolheu a dedo os integrantes da Patrulha Buscadora de Moradia para Formigas
Assustadas, enquanto os não selecionados ficaram quietos.
-
Vocês sairão daqui e buscarão um local seguro para se viver em 24 horas! Se
nada acontecer, eu tranco a porta para vocês! Vão, sumam daqui!
Os
selecionados se mandaram, com medo de serem pisoteados, em uma direção
aleatória. A Rainha vendo que sua ordem foi obedecida, deu um sorriso
autoritário e mandou que os que ficaram ali deveriam procurar comida para essas
24 horas. Mesmo com medo, foram forçados pela Rainha. Sorte que dos mais de
200, nenhum se feriu, e voltaram com comida farta. A Rainha ficou contente e
mandaram se servir, escolhendo ela as melhores sementes para si e comendo
afastada de todos. Passadas algumas horas, a dona Rainha começou a ficar
impaciente. Nenhum dos muitos capacitados enviaram alguma informação, e sua
inquietude foi notada pelos integrantes da AFRHTP. Durante toda a madrugada, a
dona Rainha ficou dando patadas – no sentido figurado – a todos que lhe
dirigiram a palavra.
No
dia seguinte, a Rainha notou que seus companheiros estavam desolados e com
muita fome. Iria mandar alguém buscar comida, mas desmaiou na frente de todos e
morreu. Sem rainha capacitada para a suceder, todas as formigas ficaram em
pânico, gritando e chorando, comendo as larvas que a rainha estava cuidando
tudo. As larvas eram horríveis – as formigas canibais não conseguiram ter
coragem para comer aquilo e continuaram com fome, até morrerem, todas.
Alguns
minutos depois, vê-se um objeto vindo em direção á não mais existente AFRHTP: a
Patrulha Buscadora de Moradia para Formigas Assustadas veio em direção ao lugar
decadente. Perplexos por não encontrarem ninguém, acabaram voltando para o
lugar onde estavam. Um até comentou:
-
Pena que não há mais ninguém aqui. Eles iam adorar conhecer a Formigalândia.
Escrito
por Pedro Felipe Soares Silva, no dia 13 de novembro de 2012. Membro da Sala de
Recursos da EEEFM Prof.º Paulo Freire.
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