Lembranças da Cadeira

Uma vez, eu estava em casa, mais especificamente no estúdio do meu pai, em uma cadeira. Uma cadeira muito desconfortável. Não dava para usar o computador escondido com ela. Qualquer movimento brusco e TAK: era fazia um barulho insuportável, como se estivesse com dor. 

E o pior: balançava demais. As rodas que deveriam girar mais parecem colocadas com Super Bonder. Não se mexem de jeito nenhum.  

Essa cadeira, que eu saiba, é a primeira que meu pai usou. Ela tem uns nove anos de vida, não sei exatamente (mais parece que não sei de nada), e ela quebrou. Não sei como, mas quebrou. Um dia meu pai a usava, no outro dia, ela estava desmontada no canto do estúdio. Ela era muito comum. Encontrava-se em praticamente todas as lojas de móveis por um preço baixo (deve ser por isso que quebrou do nada).  

Alguns dias depois, meu pai aparece com uma cadeira melhor. Mais confortável, girava perfeitamente, subia e descia facilmente. Só que, ao contrário da cadeira velha, não era tão comum e só era encontrada em uma única loja de móveis. Acredita que uma vez vi as duas, a velha e a nova, em um catálogo, e a diferença era enorme? Uma se pagava à vista, a outra em cinco vezes. 

Enfim, alguns anos depois, a cadeira velha volta. Agora toda consertada, inteira, mas do mesmo jeito que descrevi no inicio: faz barulho insuportável quando se mexe, as rodas não giram, vão pra frente e pra trás. Só que, coitada, tenho pena dela. Pena porque ela foi usada tanto tempo e depois desmontada e quase jogada fora. Mas o meu pai, com um coração amargamente arrependido (nem tanto), consertou a cadeira e salvou-a do lixão. É pai, parabéns! Graças a você escrevi essa crônica sentado nessa velha cadeira. 

AUTOR: PEDRO FELIPE SOARES SILVA