Presente de Natal

            Dois irmãos estavam em um shopping com seus pais, animados para tirar uma foto com o Papai Noel. Quer dizer, os dois não, apenas um, que tinha seis anos. O mais velho, de onze, já não acreditava mais no homem gordo que saía de trenó mundo afora entregando presentes, e o mais novo estava impaciente. É porque era natal e seus pais costumavam renovar o guarda-roupa da família uma vez por ano, e essa era a vez. As lojas ficavam no primeiro andar, cada loja com sua marca. O menino de onze anos parou em frente uma loja de tênis, a Shoe Star™ que fabricava os melhores tênis do mercado. Já o irmão mais novo estava na escada rolante chamando pelos pais para ver o Papai Noel.

            - Mãe, compra este tênis para mim – disse o filho mais velho, pulando de tanta ansiedade de ter um tênis daquela loja fabulosa.

            - Filho, a loja está cheia de gente, vamos depois – disse a mãe, puxando a mão do filho para atender ao pedido do outro.

            O menino mais velho ficou de braços cruzados e chorou. Enquanto isso, o menino mais novo nem se importava, e havia subido a escada rolante sozinho.

            Chegando ao segundo andar, na praça de alimentação com seus alimentos calóricos, o irmão mais velho queria muito comer um Mc Flurry Mini Bis™, custava caro “pra chuchu”, mas era a coisa mais desejada daquele andar. Mais uma vez, o menino mais novo vence, seus pais ignoram o irmão mais velho e eles sobem – de novo – na escada rolante. O menino de onze anos chora e esperneia, mas de nada adianta.

            No terceiro andar, o cinema – com filmes natalinos – estava fechado, só abriria vinte minutos depois. Até que, no fundo do ultimo andar, a imagem tão esperada pelo menino de seis anos: a fila, a câmera, as crianças, as mães, os pais, o fotografo, o tapete, o banco... e o gordo, quer dizer, o Papai Noel. O pequeno menino correu para a fila – que era enorme – para tirar a foto. O menino mais velho, coitado, sentou-se no canto e chorou. Olhou para os lados, e aproveitando a distração dos pais, correu para a escada rolante e desceu para o segundo andar. Do segundo andar, comprou o tão esperado Mc Flurry Mini Bis™ com o dinheiro que estava em seu bolso – a 13ª mesada –, olhou para o copo, sorriu, olhou para trás, e correu para a outra escada rolante. Na fabulosa loja Shoe Star™, ele parou, olhou para o tênis que queria, entrou na loja e perguntou para a atendente quanto custava o mesmo.

            O pobre, saiu da loja desanimado, ao ver que o tênis era mais caro do que o preço dos outros oito tênis que ele ganhara naquele ano juntos – R$ 386,57 – á vista. Ele pensou: “Já sei, vou pedir para o Papai Noel para ver se ele me dá este tênis”. Ele foi correndo para a escada rolante, voltou na fila, e viu que o seu pai não estava lá. “Ele ao banheiro”, disse sua mãe que, junto ao seu irmão, foram em direção ao Papai Noel para a foto, pois chegara sua vez.

            Então, o garoto mais velho entrou junto com o irmão, e após ouvi-lo pedindo um presente, foi também, e pediu aquele tênis caro que ele viu no shopping.

            Então, o Papai Noel tirou a foto e se despediu do menino. A família foi embora para a casa, e, os pais, nem tocaram no assunto do sorvete que o filho deles tomara, porque nem se quer viram o copo em suas mãos.

            No dia 25 de dezembro, a família foi dormir às onze e meia da noite, pois prepararam um peru e assistiram ao Natal do Menino Imperador. No dia seguinte, os dois meninos desceram até a sala para ver os presentes em baixo da árvore, e lá estavam duas caixas, cada uma com o nome das crianças. O irmão mais novo abriu a sua caixa, e lá estava um Elmo-que-Sorri, e ficou animadíssimo. O mais velho, abriu a sua caixa, e ficou maravilhado com o que havia dentro: um par de tênis da loja Shoe Star™, exatamente aquele que ele pediu para o Papai Noel. Mas, ele pensou: “Eu não acredito em Papai Noel, mas pedi para ele para ver se era verdade. Acho que foi ele sim, pois meus pais nem perceberam que eu saí da presença deles”.

            O irmão mais velho olhou para trás, e viu o sorriso do pai, aprovando assim, o seu presente.

Presidente Médici, 26 de outubro de 2011

Sala de Recursos da E.E.E.F.M. Prof.º Paulo Freire

Pedro Felipe Soares Silva, 9ºB