O TENEBROSO TRIÂNGULO DAS BERMUDAS
Por Pedro Felipe
Olá, queridos leitores, estamos aqui para mais uma entrevista da sua revista Olhaí. A vez é de Pedro Felipe, clandestino e único sobrevivente do navio Dark Out que afundou na área do Triangulo das Bermudas, ao norte, há cinco anos atrás.
Olhaí – Pedro, queremos saber primeiramente porquê você entrou no navio como clandestino. Explique para nós.
Pedro – Boa Tarde. No momento do embarque do navio, eu havia brigado com minha mãe e meu pai. Eles não quiseram me dar a mesada porque naquele dia eu quebrei um prato sem querer. Chorei muito, eu tinha como objeto de desejo chinelo estampado, e a minha mesada pagava ele e ainda sobrava muito. Para chamar a atenção deles, eu me enfiei em uma caixa bege aberta e embarquei. Não sabia o destino do navio, então nem me importei.
Olhaí – Naquela época, você ficava por dentro das notícias sobre Triângulo das Bermudas?
Pedro – Não, eu odiava jornal, só havia notícia ruim, me desanimava viver. Nem ler, nem assistir, nem ouvir. Meus amigos nunca falavam sobre isso.
Olhaí – No meio da viagem, você ficou sabendo do destino?
Pedro – Não, não conseguia ouvir nada, apenas o mar batendo na base do navio, como se fosse entrar dentro dele.
Olhaí – Você se arrependeu no momento da embarcação?
Pedro – Sim, muito! Começei a refletir sobre a emburrada que fiz e chorei de novo. Pensei que nunca mais veria minha mãe e meu pai, nem meus irmãos e o chinelo estampado que só conseguiria no mês seguinte.
Olhaí – Você saiu da caixa na viagem?
Pedro – Sim, após meia hora eu fiquei sem fôlego e saí da caixa. Havia uma escada lá, graças a Deus. Subi e fui sorrateiramente pela cabine geral.
Olhaí – E ninguém te notou?
Pedro – Acho que não, ninguém chamou meu nome.
Olhaí – Antes do navio naufragar, o que você fez?
Pedro – Fiquei suado e transpirado. Voltei para o sótão onde estavam as caixas e orei á Deus, pedindo para que me perdoasse pelo erro, consolasse meus pais, e salvasse todos do navio. Infelizmente, só eu que sobrevivi.
Olhaí – De acordo com os Bombeiros, você havia desmaiado e afundou junto com o navio. Você viu alguma imagem esquisita?
Pedro – Sim, na área em que eu estava, o mar era azul escuro, e logo mais longe notei alguns pontos claros. E uma luz como se fosse lantera, ou farol, ou um disco voador.
Olhaí – E ouvir? Você ouviu alguma coisa?
Pedro – Sim, uns ruídos no meu cérebro e as batidas velozes do meu coração.
Olhaí – Quando os Bombeiros sobrevoaram a área, viram o seu corpo. Quando o resgate chegou, como era seu estado?
Pedro – Não me lembro. Só lembro que me fizeram uma lavagem estomacal porque haviam substâncias de petróleo, veneno, e gazes atômicos. Depois de uma hora da cirurgia, eu fiquei com uma fome. Senti que se não comesse morreria de fome!
Olhaí – E seus pais?
Pedro – Não brigaram comigo, aliás, me deram uma mesada tripla porque eu estava vivo.
Olhaí – E o chinelo?
Pedro – Ah, o chinelo. Vários repórteres me entrevistaram, um humorista me deu um par de chinelos estampados importado, tenho ele até hoje. Em pensar que foi ele quase me fez morrer.
Olhaí – Finalizando nossa entrevista, o que você fez na época?
Pedro – Agradeci e agradeço eternamente á Deus que me salvou, aos bombeiros que me resgataram. Eles são meus anjos da guarda.
Olhaí – Quero agradecer a você que nos concedeu essa entrevista.
Pedro – De nada.
Pedro Felipe Soares Silva
Sala de Recursos da Escola Prof. Paulo Freire de Presidente Médici, Rondonia.
14 de Junho de 2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gostou? Não? Comente, por favor.